Seleção de
locais para ninhos
As
fêmeas do galo-da-serra constroem ninhos nas faces verticais de rochas, cavernas
ou fendas (Snow, 1982; Sarria-Salas, 2005),
utilizando principalmente lama misturada com saliva e materiais de plantas
(Gilliard, 1962)”. A parte interna é revestida com fibras de plantas (Gilliard,
1962; Benalcazar & Benalcazar, 1984;
Sarria-Salas, 2005).
Quer
o local do ninho seja a entrada ou interior da caverna ou uma escarpa vertical
de rocha, ele geralmente apresenta determinadas características gerais. Por
exemplo, no estado do Amazonas, os locais dos ninhos do galo-da-serra-do-pará
geralmente apresentam quatro elementos: (1) proximidade a um curso d’água, (2)
sombra ou meia-luz em vez de incidência total de sol, (3) umidade e (4) fendas,
rachaduras, fissuras ou cavidades na rocha onde o ninho é construído
(Omena 2003; Omena & Martins 2007). Na ausência dessas características, o ninho irá secar e rachar quando a
fêmea se instalar.
Por esse motivo, penhascos e cavernas secas nunca são utilizados para a
nidificação.
(Omena 2003; Omena & Martins 2007)
Embora o ninho seja geralmente situado próximo a um curso d’água, este último
não precisa ser permanente. Por exemplo, dos 33 ninhos do galo-da-serra-do-pará
encontrados no estado do Amazonas, 29 (88%) foram construídos de 2,7 a 9,1
metros de cursos de água permanentes, enquanto 4 (12%) foram construídos de 37,7
a 45 metros de um igarapé. Entretanto, esses quatro últimos ninhos também
foram construídos de 3,3 a 6,0 metros de cursos de água intermitentes que
estavam secos quando o ninho começou a ser construído, mas voltaram a correr
posteriormente na estação de nidificação, quando o volume de chuvas aumentou.
(Omena 2003; Omena & Martins 2007)
Inquilinos Secundários em Ninhos
Em uma ravina com um riacho com rápidas corredeiras
nas cercanias de Cali, na Colômbia, um ninho abandonado de galo-da-serra-andino
foi reformado e utilizado como ninho pelo melro-d'água (Cinclus leucocephalus)
(Sarria-Salas, 2005). Essas espécies compartilham dos mesmos habitats
ribeirinhos e vivem em regiões semelhantes (do norte dos Andes da Venezuela até
a Bolívia).
Os predadores dos "leks" dos
galos-da-serra
Quando os
galos-da-serra se exibem nos "leks" nupciais, eles tentam atrair as fêmeas
emitindo sons em alto volume, exibindo sua plumagem colorida e tentando chamar a
atenção. Infelizmente, esta propaganda conspícua também atrai predadores para os
"leks".
No Suriname, Trail (1987) descobriu que os sons produzidos pelos
galos-da-serra-do-pará machos, que se exibiam nos "leks", podiam ser ouvidos a
algumas centenas de metros floresta adentro. Um diverso grupo de predadores foi
atraído aos "leks" que ele pesquisou, incluindo as seguintes espécies:
gavião-de-penacho (Spitzaetus ornatus), uiraçu-falso (Morphnus
guianensis), gavião-pomba-da-Amazônia (Leucopternis albicollis),
gavião-preto (Buteogallus urubitinga), gavião-bambachinha-grande (Accipiter
bicolor),
gavião-relógio (Micrastur semitorquatus),
onça-pintada (Panthera onca),
puma ou suçuarana (Puma concolor),
jaguatirica (Leopardus pardalis)
e a cobra Boa constrictor. Além disso, Trail observou a morte de 4
galos-da-serra machos que faziam a dança pré-nupcial, dois por gavião-de-penacho
e dois por cobra Boa constrictor.
Referências
Benalcazar CE, Benalcazar F Silvia de (1984) Historia natural del
Gallo de Roca Andino (Rupicola peruviana sanguinolenta) [Natural history
of the Andean Cock-of-the-Rock]. Cespedesia 13: 59-92
Erard C, Thery M, Sabatier D (1989) Regime alimentaire de
Rupicola rupicola (Cotingidae) en Guyane Francaise: Relations avec la
frugivorie et al zoochorie. Rev Ecol (Terre Vie) 44: 47-74
Gilliard ET (1962) On the breeding
behavior of the Cock-of-the-Rock (Aves, Rupicola rupicola).
Bulletin of the American Museum of Natural History 124: 35-68
Luy GA, Bigio D (1994) Notes on the feeding
habits of the Andean Cock-of-the-Rock (Rupicola peruviana) Ornitologia
Neotropical 5: 115-116
Omena Júnior, Reynier de Souza (2003)
Distribuição espacial, comportamento, abundância e vulnerabilidade à predação de
galos-da-serra (Rupicola rupicola),
no Município de Presidente Figueiredo, Estado do Amazonas. Trabalho
de Conclusão de Curso, Centro Universitário Nilton Lins, Manaus
Omena R, Martins CS (2007) Comportamento reprodutivo e
caracterização de sítios de reprodução de galos-da-serra (Rupicola rupicola)
no Amazonas. Revista Brasileira de Ornitologia
15: 81-84
Rodriguez-Ferraro A, Azpiroz AB (2005) Notes
on the natural history of the Andean Cock-of-the-Rock (Rupicola peruviana)
in western Venezuela. Ornitologia Neotropical 16: 105-108
Sarria-Salas
S (2005) Caracterización del Hábitat Reproductivo, Sitios de
Anidamiento y Leks, en una Población de Gallo De Roca Andino (Rupicola
Peruviana), Parque Nacional Natural Farallones De Cali, Valle Del Cauca.
Fundación Natura y Corporación Autónoma Regional de Valle Del Cauca, Cali.
Disponible desde URL:
http://www.natura.org.co/documents/Fauna-Informe-Gallito-de-Roca.pdf
Snow D (1982) The Cotingas. Oxford University Press, UK
Thery M, Larpin D (1993) Seed dispersal and vegetation dynamics at a
Cock-of-the-Rock's lek in the tropical forest of French Guiana. Journal
of Tropical Ecology 9: 109-116.
Trail PW (1987) Predation and antipredator behavior at Guianan
Cock-of-the-Rock leks. Auk 104: 496-507
Informações sobre esse Artigo
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espanhol
inglês
Fotografia: Galo-da-Serra Andino,
Parque Nacional de Manú,
Peru.
Foto de Harrison Liu (Estados Unidos da América).
Autor: Dr. Paul D. Haemig (PhD em Ecologia Animal)
A
citação adequada é:
Haemig PD (2012)
Ecologia do Galo-da-Serra. ECOLOGIA.INFO #1
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omitidas nesse artigo ou queira dar sugestões para melhorá-lo, entre em contato
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